nanimonai: 2014

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Clã Minamoto



Morava no último andar de um prédio sem elevador. Essa era sua desculpa para sair cada vez menos de casa. Sua rotina envolvia acordar, dar comida ao Genji enquanto o café ficava pronto e depois começar a trabalhar em mais alguma tradução.
Finalmente conseguiu um contrato fixo com uma editora, isso lhe tirava o sono antigamente. Conversava com a secretária por e-mails e com o editor pessoalmente uma vez por mês, ou menos.
Não tinha namorada, já não tinha há muito tempo. Sentia falta de ter alguém, mas não pretendia fazer grandes esforços por enquanto para encontrar essa pessoa.
Prometia a si mesmo que "amanhã seria diferente" todas as noites. Iria começar uma vida nova, com mais amigos, mulheres, ou pelo menos sair na varanda para fumar no final da tarde. Qualquer coisa que alterasse sua rotina já seria algo considerável. Estava mentindo e sabia disso.
Um amigo veio visitá-lo. Outro tradutor. Ele chamava o Genji de Minamoto porque leu os kanjis como “Clã Minamoto” no prato da ração. Se incomodaria de verdade com essa falha se o colega de profissão não fosse a única outra pessoa que se importava com aquele gato velho que passava o dia dormindo. Nunca sentiu vontade (coragem) de corrigi-lo.
- Todo dia é domingo de manhã para vocês. Precisa de objetivos na sua vida – dizia o amigo tentando animá-lo – o que desejava fazer quando era criança?
- Apresentador de TV.
- Então é isso. Faça um curso de interpretação. Volta para a faculdade. Vai ser divertido.
- Não quero gastar meu tempo com isso.
- E com o que está usando ele no momento? Passa o dia todo vegetando. Pelo menos seu trabalho está em dia?
- Não.
- O que a editora mandou dessa vez?
- Duas peças de teatro e uma coletânea de contos.
- Parece muita coisa. Qual seu prazo?
- Eles me deram seis meses para todas.
- Falta quanto tempo?
- Duas semanas.
- Deveria criar uma rotina de trabalho.
- Eu não deveria me tornar apresentador?
- Tanto faz. Só precisa ocupar sua cabeça com alguma coisa. E ganhar mais dinheiro. Já passou dos trinta, vai perder o resto da sua vida assim?
- Não vejo como desperdício, faço minha parte pelo bem estar do mundo não enchendo o saco de ninguém.
- Muito nobre. Quanto tempo faz que não sai do apartamento?
- Fui no mercado hoje de manhã.
- Isso é bom. Está se alimentando.
- Meu chá e cigarros tinham terminado.
- Ao menos viu pessoas. Você vê televisão?
- Não muito.
- E quando assiste, não sente vontade de fazer aquelas coisas que aparecem nos comerciais? Beber cerveja num bar, comprar um carro?
- Por que está sendo tão insistente com isso hoje?
- Conversei sobre você com minha mulher e ela me abriu os olhos para o seu isolamento estar se tornando algo perigoso.  
- Para quem?
O amigo suspirou.
- Quando morrer por inanição, solidão ou suicídio, eu cuido do Minamoto.
- O nome dele é Genji.  


quarta-feira, 13 de agosto de 2014

ANITA LANE - Home is Where the Hatred is

A junkie walking through the twilight,
I'm on my way home.
I left three days ago
but no one seems to know i'm gone.

Home is where the hatred is,
home is filled with pain,
and it might not be such a bad idea
if i never, never went home again.

Stand as far away from me as you can,
and ask me why.
Hang on to your rosary beads,
close your eyes to watch me die.
You keep sayin',
'kick it!
quit it!
kick it!
quit it!
kick it!
quit it!'
god, but did you ever try
to turn your sick soul
inside out
so that the world
can watch you die.

Home is where i live
inside my white power dreams,
home was once an empty vacuum
that's filled now
with my silent screams.
Home is where the needle marks
try to hear my broken heart,
and it might not be such a bad idea
if i never, never went home again.

home again,
home again,
home again,
kick it quit it,
kick it quit it,
kick it quit it,
kick it,
can't go home again.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

nanimonai - volume 2




Muitas pessoas criticam você por estar constantemente num abismo... Mas elas não sabem o quanto é difícil se manter fora de lá. Todos os dias você procura uma porta aberta, uma janela, e o que você encontra? Todas as saídas soterradas, todos os dias de sua vida... Mas fora dele é pior.
Parece que nunca mais vou estar bem, mesmo lutando essas batalhas perdidas e comprando sonhos instantâneos que não me satisfazem; gastam minha energia, meu tempo, meu dinheiro e a luz do sol daqui continua a queimar minhas retinas.
E se eu fizer do abismo meu lar?




Clique na imagem para fazer o download do zine, ou direto pelo 4shared:
http://www.4shared.com/office/mfd2H2aEce/nanimonai_2_18.html




VELVET UNDERGROUND - I'll be your mirror



I'll be your mirror
Reflect what you are in case you don't know
I'll be the wind, the rain and the sunset
The light on your door to show that you are home

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you

I find it hard to believe you don't know
The beauty you are
But if you don't, let me be your eyes
A hand in the darkness, so you wont be afraid

When you think the night has seen your mind
That inside you're twisted and unkind
Let me stand to show that you are blind
Please put down your hands
'Cause I see you

I'll be your mirror
(Reflect what you are)


domingo, 13 de julho de 2014

nanimonai - volume 1

Primeiro volume do zine nanimonai.  Em formato PDF.
Esta edição é a primeira parte do conto Edição Limitada de Colecionador. 

Para fazer o download é só clicar na imagem.




Edição Limitada de Colecionador

    A história é um volume do diário de um musico cinquentão contando um trecho da sua vida.
   Ele é um homem solitário e de pensamentos mórbidos. Resignado na sua condição de fracassado. Três vezes divorciado, pai ausente, sem amigos próximos, sem passatempos, doente por uma “crise dos 30” marcada por excessos, com aversão a fama e amante ocasional das suas ex-esposas e namoradas.
   Um homem infeliz e um artista aclamado.
   “Fico imaginando se tivesse um amigo para ligar no meio da noite ou uma mulher realmente compreensiva, nunca mais iria conseguir escrever uma letra decente. Começaria a falar sobre dias ensolarados e picnics na praia... Por enquanto sempre chove, não é uma tempestade torrencial, é uma garoa monótona que deixa o dia desbotado. Os pingos de água começam a molhar o vidro da janela, após o impacto traçam um caminho sinuoso até o parapeito. Estas imagens e meus pensamentos entram em uma triste sintonia.”
   Após um show fica sabendo, por intermédio de uma advogada, que possui mais um filho. Um adolescente chamado Stefan cuja mãe acaba de falecer. A advogada o convence a ficar com a guarda provisória do garoto enquanto termina o inventário e para fazerem os exames que comprovam o grau de parentesco.
   Mas nenhum exame é realmente necessário, os supostos pai e filho são extremamente parecidos, não apenas fisicamente, mas também nas personalidades. Mesmo que cada um tenha encontrado formas diferentes de lidar com seus problemas.
   Aos poucos vão se aproximando, fascinando-se um pelo outro.
  E fica a questão: Uma pessoa que sente repulsa pela sua própria personalidade deveria confiar em alguém que se parece tanto com ela própria?